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Sem critério algum para a internação, os desfavorecidos sociais chegavam de trem em Barbacena, vindos de vários lugares do país. O modo como lotavam os vagões de carga, remetia à imagem dos judeus levados, durante a Segunda Guerra, para os campos de concentração nazista em Auschwitz, na Polônia. Os internos que eram considerados loucos desembarcavam nos fundos do hospital, onde o onde o guarda-freios desconectava o último vagão, que ficou conhecido como “trem de doido”. A expressão, incorporada ao vocabulário dos mineiros, hoje define algo positivo, mas, na época, marcava o início de uma viagem sem volta ao inferno e a decretação de uma sentença de morte.

Sem remédios, comida, roupas e infraestrutura, os pacientes definhavam aos poucos. Na maior parte do tempo ficavam nus e descalços. No local onde haviam guardas no lugar de enfermeiros, o sentido de dignidade era desconhecido. Os internos defecavam em público e se alimentavam das próprias fezes. A sua principal fonte de água era proveniente do esgoto que cortava os pavilhões.  Na hora de dormir, as camas eram substituídas pelo “leito único”, denominação para o capim seco espalhado sobre o chão de cimento. Em meio a ratos, insetos e dejetos, até 300 pessoas por pavilhão deitavam sobre a forragem vegetal. O frio de Barbacena também era um agravante, pois os internos dormiam em cima uns dos outros, e os debaixo acabavam morrendo. Pela manhã, os cadáveres eram retirados

 

VIAGEM SEM VOLTA
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